top of page
Foto do escritorMarisa Melo

ENTREVISTA COM A ARTISTA PLÁSTICA MARIA STEFANON

Atualizado: 27 de fev.





O trabalho da UP Time Art Gallery é inspirar e fascinar através da Arte. Nossos artistas apresentam trabalhos que retratam nossas emoções, nossas causas, nossas vidas. O público sempre quer conhecer o artista por trás da obra. Quem é, como pensa? Que história de vida levou a esse trabalho?

Hoje conversamos com Maria Stefanon.

Maria Stefanon, é uma poetisa que também se expressa através da Pintura, rimando formas e cores. Dona de uma enorme sensibilidade, ela também se mostra firme na defesa da liberdade de criação. Ao mesmo tempo, compartilha sua convicção sobre a importância da sinceridade artística e do amor em cada trabalho.

Nesta entrevista, Maria Stefanon nos fala sobre seu processo criativo, seus caminhos e sobre o papel da Arte.


Na Arte, o que te move e comove?

Bom eu acredito que a arte é atemporal, então o que me comove, o que me chama a atenção é na maioria das vezes o lado humano da arte, é pensar que somente o homem pode expressar em uma tela, um papel, ou outro suporte qualquer, sentimentos e sensações e que mesmo que se passem mil anos, pessoas serão tocadas de alguma forma por aquela obra. Acredito que aí também se encontra a validação do que é ou não arte, pois só o que é verdadeiro consegue, geração após geração, sensibilizar olhos e ouvidos. Se você observar a obra Guernica de Picasso não precisará ter vivido na mesma época do artista para sentir toda emoção e também a dor que aquele quadro traduz. Quando olho para a obra "Os comedores de batata" de Van Gogh, sinto-me tomada por um sentimento de empatia com aquelas pessoas trabalhadoras e famintas. Uma bela Sinfonia de Beethoven ainda nos comove após séculos terem se passado. Isso é arte!


O que a levou à Arte?

Desde pequena eu sempre senti a necessidade de me expressar, seja desenhando, escrevendo poemas... Essa necessidade foi-se tornando maior à medida que eu crescia, então quando tive que fazer uma escolha de curso superior, o de Artes Plásticas foi sem dúvida o caminho natural. Mas de certa forma posso dizer que os caminhos foram por vezes tortuosos pois paralelamente ao meu ingresso na faculdade me casei, tive filhos, então eu e meu marido, que na época também era estudante de arte, tivemos que trabalhar em áreas que não tinham relação direta com a nossa produção artística, ou seja: se virar nos trinta... Rsrs

Os anos se passaram, os filhos cresceram, meu companheiro artista faleceu, casei-me de novo e pude me dedicar mais intensamente ao fazer artístico. Hoje me sinto com mais autonomia para desenvolver meu trabalho em meu ateliê.





















Quais artistas servem de referência para seu trabalho?

Eu admiro o trabalho de inúmeros artistas, mas alguns me encantam pela poética visual ou pela história de vida. Frida Kahlo e Van Gogh sempre me inspiraram pela obra em si e pela história de vida. No Brasil também existem grandes artistas, mas me encanta a pintura poética de Guignard .Ultimamente tenho acompanhado o trabalho de artistas japoneses como Mariko Mori artista minimalista e multimídia, Yayoi Kusama que trabalha com quase todas as linguagens artísticas, Chiharu Shiota que aborda performance e instalação em sua obra. Enfim são muitas as inspirações e influências, pelo trabalho ou pela história de vida.


Fale sobre seu processo criativo. Como chega a inspiração para você?

Meu processo criativo se dá pela coleta de informações e materiais que vou guardando. Podem ser imagens, objetos, ou qualquer coisa que me chame a atenção. Sempre começo esboçando no papel antes da tela, e na maioria das vezes faço vários desenhos ou pinturas no papel ao mesmo tempo. Pode ocorre do trabalho no papel me agradar tanto ao ponto de decidir continuá-lo sem transpor para tela para não perder a sua essência.


Quando começa uma obra, você já tem a imagem final em mente?

Não, de maneira nenhuma! Sempre me surpreendo com o resultado final pois por mais que eu saiba o que quero transmitir, o processo de criação sempre me leva por caminhos inesperados. Às vezes começo com uma determinada cor em mente e no final ela desaparece sob as camadas de tinta. O mesmo acontece com as formas, elas surgem quase que intuitivamente ou desaparecem na tela quando sinto que sua presença não se justifica.


Você acha que toda Arte deve ser socialmente engajada?

Acredito que toda arte deva partir de uma necessidade, deva ser autêntica. Considero muito importante o engajamento social e grandes artistas o fizeram e fazem, mas acredito que existam outras formas de arte igualmente importantes.

O Impressionismo, no início, foi duramente criticado pelos que o consideravam uma arte alienada. Hoje os artistas impressionistas são respeitados pela qualidade de sua arte e por suas pesquisas sobre o aspecto físico da luz e da cor, num período em que o surgimento da fotografia representou uma verdadeira revolução.

Como desenvolveu seu estilo? Como você define o seu estilo?

Desde a faculdade sempre gostei de associar o desenho de formas com a mistura de cores. Ao longo dos anos fui percebendo que minha expressão se dá muito na pintura e no gestual do desenho e com essa linguagem gosto de criar paisagens imaginárias, que partem do real.


Como você vê o momento cultural no dias de hoje? A arte, em termos gerais, cumpre o papel de refletir a sociedade?

Acredito que estamos passando por um momento muito difícil para a cultura de uma maneira geral. Além da pandemia que inviabilizou muitos projetos e tornou difícil a vida e o trabalho de muitos artistas, estamos sofrendo com a falta de apoio e com o retrocesso . Mas espero que, assim como a pandemia, isto também passará. Acredito que mesmo em tempos difíceis a arte sempre cumpre seu papel e funciona como uma antena que capta o que acontece no mundo. Por isso mesmo é inconcebível a censura às produções artísticas e culturais.


Qual o quadro que você gostaria de ter pintado?

São tantos.. Rsrs. Há tantas obras maravilhosas que fica difícil nomear uma somente.


Qual sua mensagem para quem está começando na Arte?

Seja você mesmo. Não tente fazer comparações de seu trabalho com o de outros, afinal cada artista é único e sua obra também. Busque sim, ser sempre melhor naquilo que faz e haja com sinceridade e amor. Procure ler e aprender continuamente pois a arte está sempre se renovando.


Saiba mais:

Instagram: @maria_stefanon




Poetry translated into images: the Art of Maria Stefanon

UP Time Art Gallery's job is to inspire and fascinate through Art. Our artists create works that portray our emotions, our causes, our lives. The public always wants to know who is behind the work. Who is the artist? What does he think? What life story led to the work?

Today we talk to Maria Stefanon.

Maria Stefanon, is a poet who also expresses herself through painting, rhyming forms and colors. Owner of enormous sensitivity, she is also firm in defending freedom of creation. At the same time, she shares her belief in the importance of artistic sincerity and love in each work.

In this interview, Maria Stefanon tells us about her creative process, her paths and the role of Art.


In Art, what moves you?

Well, I believe that art is timeless, so what moves me, what draws my attention is most of the time the human side of art, is to think that only man can express on a canvas, paper, or other support, feelings and sensations and that even if a thousand years pass, people will be touched in some way by that work. I believe there is also the validation of what is or is not art, because only what is true can, generation after generation, sensitize eyes and ears. If you look at Picasso's Guernica, you don't need to have lived at the same time as the artist to feel all the emotion and also the pain that the painting translates. When I look at Van Gogh's "Potato Eaters", I feel a sense of empathy with those hard-working and hungry people. A beautiful Beethoven Symphony still moves us after centuries have passed. This is art!



What led you to Art?

Since I was a little girl I always felt the need to express myself, be it drawing, writing poems ... This need became bigger as I grew up, so when I had to make a choice for a higher education, Art was undoubtedly the natural way. But in a way I can say that the paths were sometimes tortuous because in parallel to my admission to college I got married, I had children, so my husband and I, who at the time was also an art student, had to work in areas that were unrelated direct with our artistic production, that is: he had to find a way.

Years passed, children grew up, my fellow artist passed away, I got married again and I was able to dedicate myself more intensely to making art. Today I feel more autonomous to develop my work in my studio.


Which artists are references for your work?

I admire the work of countless artists, but some enchant me with visual poetry or life history. Frida Kahlo and Van Gogh have always inspired me for the work itself and for the life story. In Brazil there are also great artists, but I love Guignard's poetic painting. Lately I have been following the work of Japanese artists like Mariko Mori, minimalist and multimedia artist, Yayoi Kusama who works with almost all artistic languages, Chiharu Shiota who addresses performance and installations in his work. In short, there are many inspirations and influences, through work or life history.



Talk about your creative process. How does inspiration come to you?

My creative process takes place by collecting information and materials. It can be images, objects, or anything that catches my attention. I always start by sketching on paper before the canvas, and most of the time I make several drawings or paintings on paper at the same time. Sometimes the work on paper pleases me so much that I decide to continue it without transposing it to canvas so as not to lose its essence.


When you start a work, do you already have the final image in mind?

No, not at all! I am always surprised by the final result. Even knowing what I want to convey, the creation process always takes me on unexpected paths. Sometimes I start with a certain color in mind and in the end it disappears under layers of paint. The same happens with the forms, they appear almost intuitively or disappear on the screen when I feel that their presence is not justified.


Do you think that all art should be socially engaged?

I believe that all art must start from a need, it must be authentic. I think social engagement is very important and great artists have done it and do it, but I believe there are other equally important ways to express art.

Impressionism, in the beginning, was severely criticized by those who considered it an alienated art. Today, impressionist artists are respected for the quality of their art and for their research on the physical aspect of light and color, at a time when the emergence of photography represented a real revolution.


How did you develop your style? How do you define your style?

Since college I always liked to associate the design of shapes with the mixture of colors. Over the years, I realized that my expression is very much in painting and drawing gestures and with that language I like to create imaginary landscapes, starting from the real.


How do you see the cultural moment these days? Does art, in general terms, play the role of reflecting society?

I believe we living a very difficult time for culture in general. In addition to the pandemic that made many projects unfeasible and made life and work for many artists difficult, we are suffering from the lack of support and our freedom of expression is under attack. But I hope that, like the pandemic, this will also pass. I believe that even in difficult times, art always fulfills its role and functions as an antenna that captures what happens in the world. That is why censorship of artistic and cultural productions is inconceivable.


What picture would you like to have painted?

There are so many (laughter). There are so many wonderful works that it is difficult to name just one.


What is your message for those starting out in Art?

Be yourself. Don’t try to compare your work to others. After all, each artist is unique and so is his work. Seek always be better in what you do and work with sincerity and love. Try to read and learn continuously because art is always renewing itself.



109 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page