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Foto do escritorMarisa Melo

"Explorando o Imaginário: Renata Leal em Conversa"

Atualizado: 4 de mar.





Apresentamos Renata Leal, uma artista figurativa e realista cuja jornada criativa começou sob a tutela de Andrea Franco e no atelier do Mestre Paulo Frade. Seu trabalho minucioso e envolvente transporta o observador para um universo mágico, onde crianças, pássaros e elementos da cultura brasileira ganham vida. Suas obras destacam-se pela habilidade técnica e pelo uso de cores translúcidas, resultando em criações que cativam e intrigam. Além de artista, Renata é também psicanalista, trazendo uma perspectiva única para suas obras. Estamos ansiosos para explorar mais sobre sua arte e inspirações nesta entrevista.




1-Você poderia compartilhar um pouco sobre a sua jornada no mercado de arte? Quais foram os desafios e as conquistas que marcaram o seu percurso até agora?


A minha entrada efetiva no mercado da arte marca um segundo momento na minha trajetória de artista. Eu tinha a convicção de que me lançaria aos mares do mercado da arte, não somente quando eu tivesse um trabalho totalmente autoral e singular, mas quando meu trabalho pudesse ter um valor universal para a cultura. Até isso acontecer eu tinha uma certa experiência em reproduzir pinturas e fazer mastercopy o que me fazia ser procurada por alguns clientes, eu mesma negociava com esses as produções.


Eu realizava copias 100% fieis mas em quase todos os casos os clientes me davam a liberdade para inserir elementos, criar, o que era a melhor parte. Além do óleo sobre tela, houve uma época, há uns 12 anos creio, que o mercado esteve bem sensível as aquarelas e eu era procurada por esse motivo, fazia gravuras em aquarela em estilo vintage como as da Beatrix Potter e também  aquarelas em estilo oriental. Esse foi meu primeiro momento como artista.


Porem a pintura a óleo era o meu chamamento e eu passei a ser tocada de que meu papel era contribuir para a alta cultura. Eu tive uma mestra muito clássica do ponto de vista da técnica e da crítica à arte. Tinha claro que arte não era apenas para decorar paredes, mas transmitir  novas formas de compreensão. Eu queria produzir algo que tivesse força psicológica e força de ensinar, que ajudasse as pessoas a se situarem como seres humanos dignos de viver uma vida que valesse a pena ser vivida.



 

2-Como você enxerga a evolução do seu estilo ao longo dos anos e como isso influenciou a sua posição no mercado de arte?


A evolução do meu estilo esteve vinculada ao meu desejo de produzir algo clássico, com um elemento contemporâneo, esse elemento surgiu ligado a paleta de cores com verdes, azuis, amarelos, além dos clássicos ocre e siena fazendo um contraste do claro-escuro com as cores.


Diferente do meu primeiro momento como artista eu passei a não mais pensar no que o mercado precisava ou estava receptivo: eu passei a me perguntar no que eu, como uma pintora, poderia transcender a cultura brasileira e falar em escala mais universal, como uma obra a óleo podia fazer uma pessoa erguer-se acima da posição subjetiva que ela estaria no momento e a que obra pudesse sobreviver à passagem das gerações.

Eu pintava e pensava a “Humanidade sem isso está empobrecida? ” A resposta era sempre ”Não” e eu me motivava a buscar mais técnica, mais inspiração, mais leitura e me afetar cada vez mais pelo fenômeno humano.


A Humanidade sem Narcissus de Caravaggio está empobrecida? Sim, está.  A Humanidade estaria empobrecida sem um mural de Eduardp Kobra? Sim, estaria porque ele faz um upgrade de tudo que ele aprendeu, devolveu e enriqueceu a cultura. São esses valores e riquezas que tem utilidade e importância e que merecem ser transmitidos e merecem o nome de cultura. É isso que eu busco quando eu pinto, que é buscar certas nuances da psique que seriam difíceis de capturar de outra maneira.






" A Cor da Semente da Melancia"_óleo sobre tela / 70x100 cm - 2023

 


3-Você mencionou sua participação em exposições internacionais. Como essas experiências impactaram sua visão sobre o mercado de arte global e a recepção do seu trabalho em diferentes culturas?


Foi bastante intrigante encontrar uma obra que brinca com um desvio linguístico tipicamente brasileiro. Intitulada "Drible da Vaca", ela retrata um bezerro com uma criança jogando futebol. O "Drible da Vaca" é quase como um gingado no meio de uma partida de futebol. Essa incursão no mercado internacional trouxe um toque genuinamente brasileiro, e fui recebida com grande entusiasmo. Aliás, tenho uma paixão especial por pintar vacas e estou atualmente trabalhando em outra obra com esse tema!




4-Como você lida com a promoção e comercialização do seu trabalho, especialmente em um cenário onde as plataformas digitais desempenham um papel cada vez mais importante?


Como artista, encaro a promoção e comercialização do meu trabalho como uma oportunidade para compartilhar minha visão e conectar-me com um público diversificado. Em um cenário onde as plataformas digitais desempenham um papel cada vez mais importante, busco equilibrar a exposição online com participação em eventos presenciais, como exposições e feiras de arte.


Acredito na importância de construir uma presença online autêntica, compartilhando não apenas minhas obras, mas também minha jornada criativa e inspirações. Essa abordagem me permite alcançar um público mais amplo e estabelecer conexões significativas com os apreciadores da minha arte.

 





"Sara e a Borboleta Azul"_óleo sobre tela / 70x90 cm - 2022





5-Quais são suas principais referências no mundo da arte e quais pintores servem de inspiração para o desenvolvimento do seu próprio estilo?


Minhas referências artísticas incluem José Ferraz de Almeida Júnior, renomado pintor brasileiro da segunda metade do século XIX, Albert Edelfelt, especialmente sua obra "Good Friends", Briton Rivieri, Ludwig Passini, Natasha Milashevich, além dos mestres do pictórico como Caravaggio e Rembrandt. Também estudei Artemisia Gentileschi com minha mestra para aprimorar o claro-escuro, sendo ela mesma uma inspiração para mim. A artista plástica Andrea Franco, que nos deixou recentemente em janeiro de 2023, também é uma referência importante em minha trajetória. Além disso, destaco o Mestre Paulo Frade pela sua habilidade em transmitir técnicas artísticas de forma inclusiva e acessível. É impossível não aprender quando ele ensina.




6-Como você percebe o mercado de arte no Brasil atualmente e quais considera serem as maiores dificuldades enfrentadas pelos artistas dentro desse contexto?


É vantajoso para um artista contar com alguém que o represente, como seu galerista ou marchand, um profissional que possui um profundo conhecimento do mercado. Embora haja artistas, como Bruno Portella, que possuam uma forte inclinação comercial, pessoalmente prefiro contar com o trabalho do galerista.





7-Além da sua expressão artística, você também é psicanalista. Como você vê a conexão entre sua prática artística e sua formação em psicanálise, e como isso pode influenciar a percepção das pessoas em relação ao seu trabalho?

 

 

Formar-se significa rasgar-se, dilacerar-se. Eu me formei artista do mesmo jeito que me formei psicanalista: acertando as contas com minha própria divisão. Minhas contradições, minhas fragmentações, meus sofrimentos e limitações.  Eu escolhi com o que eu queria me confrontar em ambas áreas, que como disse Freud, “ não há nada que o psicanalista tenha chegado cujo a arte não tenha chegado antes”. Eu me expus a diversos modelos na arte e na psicanalise.


A arte chegou antes da minha vida, mas eu só pude me formar artista por conta de um percurso intenso e longo de análise, de acertar as contas comigo mesma, realizar que a conta nunca fecha e me autorizar ser artista plástica e psicanalista. A minha formação de psicanalista é longa também iniciou desde os últimos anos da graduação em Psicologia há mais de 20 anos. Essa concorreu com a arte durante um período. Como ser artista, não diz respeito a instrumentalizar-se somente fazendo cursos de formação (que são obviamente imprescindíveis) a psicanálise e ser psicanalista é uma aventura para a vida.


A psicanalise é uma forma de ver o mundo, de criar, inventar e de se recolocar. O psicanalista é um intelectual fundamentalmente.  Ele deve conhecer línguas, história da arte, das religiões, os clássicos da literatura universal, antropologia, história, politica, linguística, ciências biológicas e saber da clínica humana da psicopatologia. O psicanalista escuta nuances quase que como o artista as representa.

 







"A Noite no Castelo"_óleo sobre tela / 120x90 cm




8-Considerando sua trajetória até agora, quais são os seus projetos e aspirações para o futuro, especialmente em relação ao ano de 2024?


Para 2024 pretendo transmitir a arte clássica associada ao contemporâneo e o realismo levar um valor cultural universal, contribuir através desse instrumento que é a pintura a óleo, contribuir com esse modo de enfoque no fenômeno humano. Pretendo trabalhar para que minha arte valha por si mesma independente do que eu possa dizer ou não sobre ela, algo que tenha utilidade e valor para as gerações seguintes.


Projetos futuros na arte eu pretendo avançar mais no claro-escuro como modo de olhar a realidade. Esse modo de ver continua ensinado e afetando a Humanidade inteira, gerações e gerações por todos os séculos desde sua criação.




"O Canto da Nossa Terra"_óleo sobre tela / 70x90 cm









 "Duas Crianças Brasileiras e o Uirapuru Verdadeiro_Óleo sobre tela / 70x90 cm - 2022





Saiba mais sobre Renata Leal:

Instagram: @renataleal.art.psi





Sobre a UP Time Art Gallery:


A UP Time Art Gallery não se limita a ser uma galeria de arte itinerante; é uma força impulsionadora que difunde, democratiza e fomenta a arte contemporânea em escala global. Sua dedicação em promover a arte é inovadora e abrangente, estendendo-se também por São Paulo, onde mantém seus espaços. Mais do que apenas expor obras, a galeria busca inspirar mentes e contribuir para o desenvolvimento da consciência artística e social, abordando questões locais e globais.


Além de seu compromisso com a arte, a UP Time Art Gallery apoia os artistas em sua jornada profissional, capacitando-os a navegar no mercado de arte competitivo. Compreendendo as complexidades da mercantilização da arte, a galeria oferece suporte para a construção de carreiras sólidas e bem-sucedidas, capacitando os artistas a compreender e prosperar no mundo da arte contemporânea.



 

Nossos serviços:


Exposições virtuais, físicas nacionais e Internacionais, Feiras de Arte, Projetos, Catálogo de Arte, Construção de Portfólio, Pod Cast, Biografia, Textos Críticos, Assessoria de Imprensa, Entrevistas e Provocações.



Sobre Marisa Melo:


Empresária no Mercado de Arte, Artista Plástica e Visual, Curadora de Arte, consultora de projetos Artísticos, produtora de mostras Culturais e Redatora de Textos Curatoriais.



Nossos serviços:

 

Exposições virtuais e físicas nacionais e internacionais (estamos na Europa e nas Américas), Feiras de Arte, Projetos Artísticos, Catálogo de Arte, Construção de Portfólio, Pod Cast, Biografia, Textos Críticos, Assessoria de Imprensa, Entrevistas e Provocações.


 

 



 

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