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Entrevista com a artista plástica Prisciani May

Atualizado: 20 de fev.



O trabalho da UP Time Art Gallery é inspirar e fascinar através da Arte. Nossos artistas apresentam trabalhos que retratam nossas emoções, nossas causas, nossas vidas. O público sempre quer conhecer o artista por trás da obra. Quem é, como pensa? Que história de vida levou a esse trabalho?


Hoje conosco, Prisciani May






A artista Prisciani May é natural de Blumenal – SC, Bacharel em Sistemas de Informação pela Uniasselvi, Fameblu - Blumenau, SC, desde muito cedo já via na arte uma ferramenta importante para se expressar e representar através de suas minuciosas observações, a sua realidade de maneira idílica.


Questionar o visível e captar o sensível: são procedimentos que constituem grande parte da criação pictórica de Prisciani, construindo uma linguagem plástica. Suas composições permitem a presença de gestos que estabelecem formas na tela.


A artista combina vários elementos para alcançar grande expressividade pelo estudo de cor que faz. Ela usa uma gama de matizes para criar telas vibrantes, mas o tom e a pincelada estão subordinados apenas ao equilíbrio interno da obra, preservando principalmente uma luminosidade tropical. É nessa perspectiva que se observam as explorações de suas composições por meio de diferentes técnicas.


Em termos de estilo, Prisciani se considera uma artista ’em transito’ atualmente enfatiza a subjetividade de suas obras e estabelece uma linguagem abstrata geométrica e figurativa. Sua poética dialoga com a beleza e a estética perfeita. Em todo o trabalho da artista há um olhar interior, uma multiplicidade de planos, a introspecção, o elemento através do qual a artista orienta a sua emergência, encontrando uma direção.





1 - Como surgiu o seu desejo pela arte e como tem construído a sua trajetória?

Surgiu ainda na infância. Sempre gostei de desenhar, colorir, criar… Desenhava tentando reproduzir o que eu via de forma mais realista, pois era o que eu entendia como “arte” na época. Por volta dos 12 anos a professora de artes da escola nos apresentou alguns artistas, como Picasso, Van Gogh, Dali e Kandinsky, me mostrando uma infinidade de possibilidades além do realismo. O abstracionismo em especial me chamou a atenção e comecei a criar desenhos nesse estilo. Com 14 anos minha mãe comprou algumas telas, tintas a óleo, pincéis e uma revista de pintura. Comecei a pintar paisagens e logo fui arriscando nas pinturas mais abstratas e geométricas. Aos 18 anos fiz minha primeira exposição individual, com obras que havia produzido entre os 14 e 18 anos. Sempre soube que queria seguir uma carreira criativa, mas a necessidade de trabalhar e ganhar dinheiro me fizeram optar por uma faculdade na área de tecnologia, que eu podia pagar na época, pensando que com isso eu poderia me dedicar à carreira artística depois que tivesse minha independência financeira. Trabalhava como costureira e depois migrei para a área de tecnologia, aos 19 anos. Os anos de trabalho e faculdade que se seguiram me afastaram um pouco da prática artística, que por algum tempo se tornou mais esporádica. Por volta dos 27 anos passei por uma depressão, o que me levou a entender que eu precisava da arte como parte ativa da minha vida. Fui voltando aos poucos a produzir, primeiramente pensando que precisava fazer arte para agradar os outros, afinal, precisava vender para poder viver disso. Mas comecei a perceber que isso não me deixava feliz, mesmo quando recebia elogios, pois eram trabalhos com os quais não me identificava. A partir de 2018 comecei a focar no desenvolvimento de um estilo próprio, buscando referência inclusive no meu próprio trabalho do início da carreira, de quando não me preocupava com os julgamentos e apenas expressava livremente minhas ideias. Com isso, minha identidade começou a ficar naturalmente mais nítida no meu trabalho.



2 - Como um trabalho começa?

Começa com a concepção da ideia a partir da qual eu crio o primeiro desenho/esboço, que normalmente passa por um estudo com vários rascunhos, testes de cores, etc, até chegar no conceito final. Atualmente também uso o desenho digital no tablet para acelerar este processo e pela facilidade de realizar os testes, mas o papel ainda me atrai muito e para o primeiro esboço geralmente ainda recorro a ele. As ideias para os quadros costumam ser intuitivas, surgindo de uma imagem na minha mente, de um sentimento ou ideia que quero representar/transmitir. Às vezes uma imagem me vem à cabeça, como um vislumbre (geralmente nos momentos antes de dormir), e assim tento reproduzir o que eu vi. Normalmente a imagem vem acompanhada de um significado que se torna a mensagem da obra. Outra vezes pode vir de um sentimento que tenho naquele momento. Às vezes diante de um sentimento intenso, olho para dentro e vejo as formas em mim que representam o que estou sentindo. Quando uma ideia vem dessas maneiras, tento fazer um rascunho e algumas anotações o mais rápido possível pra não esquecer, e depois vou trabalhando nisso e aprimorando até chegar ao produto final. Quando não tenho a ideia pronta e ainda não sei onde quero chegar, deixo o lápis correr pelo papel me mostrando o caminho. Um traço leva ao outro e a ideia vai surgindo quase que por conta própria.







Título: Ruptura (Série Despertar)

Técnica: Óleo sobre tela

Tamanho: 60cm x 80cm

Ano: 2022



3 - Quais os desafios que você vivencia em sua carreira?

Um grande desafio foi voltar a ter a coragem de expor minhas ideias de forma autêntica e que fizesse sentido para mim, sem me preocupar com julgamentos e com o que eu achava que os outros esperavam de mim. A vontade de agradar (ou o medo de desagradar) foi um dos fatores que mais me causou dificuldades e frustração. Entender que nem todos vão gostar do meu trabalho (e tudo bem) foi muito importante para “me soltar”. Outro ponto é conseguir chegar ao meu público, aquele que se conecta com a minha arte como ela é. Não no sentido de necessariamente “entender de arte”, mas de conseguir apreciá-la e identificar nela uma relação com a sua própria vida, ou seja, se conectar e se enxergar naquela obra sem precisar de explicação.


4 - O contato com a arte mudou a sua forma de ver a vida?

A arte me mostrou que eu preciso ser quem eu sou sem medo de julgamentos, não só nas minhas obras mas na minha vida em geral. Entendi que não é possível agradar a todos e que o melhor que podemos fazer é seguir o caminho que faz mais sentido para nós. A arte também me mostrou que todos têm o seu espaço e o seu lugar no mundo e que eu também posso ser ouvida. Outro ponto que a arte tornou ainda mais evidente para mim é como cada pessoa é única, com as suas experiências de vida, a forma como foram educadas, a sua cultura, a sociedade na qual estão inseridas, etc, e que cada uma pode ver a vida de uma forma diferentes, sendo que muitas vezes não há um certo ou errado, apenas um “diferente”, tornando toda essa experiência (da arte e da vida) ainda mais valiosa. Isso tudo deixa claro pra mim a importância de sermos tolerantes, termos empatia pelo outro e respeitarmos as diferenças.







Título: Despertar (Série Despertar)

Técnica: Óleo sobre tela

Tamanho: 40cm x 60cm

Ano: 2021



5 - Como é expor no mercado internacional?

É uma experiência muito interessante. Adoro viajar e conhecer novos lugares, e saber que minhas obras chegaram tão longe e que várias pessoas de culturas diferentes da nossa poderão vê-las é uma emoção à parte. Quando uma obra visual se conecta com alguém de outro país, que fala outro idioma, teve outra criação e tem outra visão de mundo, é muito gratificante. É como conversar sem palavras. Além disso, ter minhas obras expostas em lugares que ainda não pude conhecer é algo curioso e é como se parte de mim estivesse lá também (a vontade é sempre de estar em todos os eventos e experienciar isso de perto). Tive a oportunidade de estar presente na feira de arte de Barcelona em 2022 e foi emocionante chegar lá e ver minhas obras expostas. E poder conhecer artistas de vários lugares do mundo e ver tantas técnicas e estilos diferentes é inspirador.



6 - Qual mensagem está por trás de seu trabalho?

Em geral meus trabalhos falam sobre a vida: as escolhas e decisões que tomamos, os caminhos que seguimos, desafios que encontramos, as diversas possibilidades à nossa frente, nossas relações, sentimentos, anseios, etc. Pensar sobre a vida e suas possibilidades me leva ainda a outras vertentes que aguçam a minha curiosidade e gosto de explorar: os sonhos e a ideia de um universo onírico onde tudo é possível, a possibilidade de universos paralelos, realidades alternativas, viagens no tempo, etc. Tudo isso sempre foi muito interessante para mim e me instiga a imaginar o que existe por aí no Universo. Através de uma arte mais abstrata sinto mais liberdade para transmitir essas ideias, sempre com o objetivo de fazer o espectador pensar, sentir algo, se enxergar ali de alguma forma, questionar o que está vendo e se permitir ver sem preconceitos ou amarras ao que é real ou não.







Título: Rosa Branca I

Técnica: Óleo sobre tela

Tamanho: 30cm x 40cm

Ano: 2021




7 - O que há de mais gratificante em ser artista?

É muito interessante ver como cada pessoa enxerga uma mesma obra de formas diferentes, como um reflexo de quem ela é. Ver essa diversidade na forma de enxergar a vida e consequentemente de interpretar a arte é estimulante e considero como parte essencial da experiência artística. Como consequência, o mais gratificante é quando alguém, dentre tantas percepções diferentes, consegue se conectar com a minha obra através de sua própria história, sem sequer precisar de explicação. Neste momento é como se uma barreira invisível se dissolvesse e nossos “eus” (ou alma, espírito, eu superior, como quiser chamar) se enxergassem através daquela obra, como se surgisse uma espécie de ponte que nos interliga de alguma forma. Quando alguém se enxerga ali e vê sentido naquilo, é uma sensação de dever cumprido e de ter acertado, de ter criado algo valioso para o mundo ou ao menos para alguém, o que faz tudo valer a pena.


8 - Fale de seus novos projetos.

Um dos principais projetos é a produção para exposições individuais neste e nos próximos anos, com o intuito de estabelecer ainda mais a minha identidade artística e chegar a mais pessoas. Também tenho um projeto de representar minhas ideias através da escultura, pois é uma área que sempre tive interesse e acredito que muitas das minhas ideias conversam bem com esse formato.



Saiba mais:

Instagram: @prisciani.art





Título: You & Me

Técnica: Óleo sobre tela

Tamanho: 50cm x 65cm

Ano: 2023




Sobre a UP Time Art Gallery:

Galeria de arte itinerante que reúne artistas do Brasil e de países da Europa para disseminar o que há de melhor no cenário da arte contemporânea. Fundada por Marisa Melo, a galeria de arte alcança mais de 30 países ao redor do mundo, isso porque ela funciona de forma itinerante desde o seu nascimento, apresentando mundialmente exposições 3D e exposições regionais e internacionais presenciais com um time de artistas distintos.


Nossos serviços:

Exposições virtuais, físicas nacionais e Internacionais, Feiras de Arte, Projetos, Catálogo do Artista, Construção de Portfólio, Pod Cast, Biografia, Texto Crítico, Assessoria de Imprensa, Entrevistas e Provocações.






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