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Foto do escritorMarisa Melo

Entrevista com o artista visual Enoc

Atualizado: 27 de fev.

O trabalho da UP Time Art Gallery é inspirar e fascinar através da Arte. Nossos artistas apresentam trabalhos que retratam nossas emoções, nossas causas, nossas vidas. O público sempre quer conhecer o artista por trás da obra. Quem é, como pensa? Que história de vida levou a esse trabalho?


Hoje conversamos com Enoc!


Como você entrou para o mundo da arte?

A possibilidade de ser artista, chegou transformando a minha realidade, que aos 26 anos, ainda não havia encontrado sentido em viver aos moldes dessa sociedade.

Após um descuido, seguido de uma carta de demissão, resolvi experimentar o desenho e percebendo que tinha facilidade no aprendizado, decidi investir toda a minha energia para aprender e viver daquilo que veio preencher um espaço vazio, nunca antes tocado.

Após menos de um ano de estudos, fiz o meu primeiro evento como caricaturista e foi a partir daí que comecei a construir a minha vida.

Daí em diante, veio a aerografia, pintura digital, fotografia, pintura em acrílica e óleo, técnicas mistas e etc.



Qual a fonte de inspiração, para você?

Me inspira, a beleza da vida. A beleza que em tudo está.

O belo de uma paisagem ou o último suspiro de uma presa.

O cantar de uma criança ou o idoso dormindo na calçada.

O harmônico e belo, transmite a paz, mas o confuso e angustiante, traz a verdadeira transformação.

Em todo caos, há a centelha de uma nova vida.

Após uma degeneração, há um nascimento/renascimento.

Me inspira ver o velho chegar ao final do seu curso, pois naquele instante, algo de maravilhoso começa a acontecer.

Me inspira o ciclo de toda energia, que tem como destino certo a ressignificação.

Tudo, observado do ângulo ideal, transmite uma emoção que pulsa em direção ao sutil.



Quais são suas influências para o desenvolvimento de sua linguagem?

Um dos diversos ensinamentos trazidos por Wassily Kandinsky, foi que: À medida que nos distanciamos da forma, nos aproximamos da essência. Quando uma obra se liberta da necessidade de relacionar-se com algo que conhecemos, com algum objeto, forma ou lugar, ela ganha o poder de penetrar a alma e transmitir a mensagem que carrega, diretamente à essência de quem a contempla.

Jackson Pollock, coloca a emoção no controle do processo, portanto, o processo nunca está sob controle e nem precisa estar.

A escola impressionista possui uma riqueza imensa em sua forma de trabalhar as cores, dando ao seu aluno a liberdade de uma paleta infinita, porém, tenho também a opção de ignorá-la e aplicar o que já está pronto.

Goethe mostra que a arte e ciência estão diretamente ligados, trazendo novas possibilidades e pontos de vista, a cerca de uma criação.

Gerhard Richter, mistura um universo de possibilidades, sob uma nuvem cinza, onde somente quem se permite mergulhar em si, é capaz de se encontrar num emaranhado de estímulos.

Os jovens alunos da escola de belas artes, da Universidade Federal da Bahia, que me mostraram o que é deixar o coração explodir numa tela branca.

E muitos outros mestres em suas artes de expressar/comunicar.



Fale sobre seu processo criativo

Procuro inserir a textura em todo o meu trabalho.

Normalmente é por ela que inicio o processo, utilizando materiais que estejam no ambiente onde a produção está sendo realizada, podendo ser areia, massa acrílica, cola, madeira, folhas, gravetos, papelão, barro, caco de telha, pó de serra, lixo não-orgânico, pedras ou qualquer outro material que possa imprimir a energia daquele local.

Normalmente a textura e a pintura são feitas em momentos diferentes, mas há vezes que não são necessariamente assim.

Toda obra inicia de acordo com uma ideia, mas o seu desenvolvimento é orgânico, e a cada etapa do processo, ela reage à sua forma, me fazendo repensar sempre o próximo passo.

Meus trabalhos são vivos e eu estou sempre interagindo com eles, no decorrer da sua construção. É uma construção em parceria, onde as emoções e sentimentos estão sempre pulsando e a interação entre mim, a obra e o ambiente é constante.

O Sol e a chuva, sempre estão presentes no processo.

Se faz sol, o processo tem um ritmo acelerado. Se chove, a mistura se torna mais intensa e há mais transparência.

Em qualquer cenário, o final é sempre uma incógnita. Ele se apresenta no seu tempo ou nunca chega.

Diversas vezes a obra passa por um período de abandono, onde o tempo me faz revivê-la com outra energia. Algumas passam por esse período duas ou três vezes.

Nesse processo, vezes o mofo entra em ação e dá o seu toque à obra.

Algumas vezes, passam também por um processo de degeneração, onde entra em ação agressões com materiais perfurocortantes, abrasivos, fogo e etc.

Ao final, uma história se encontra impressa na obra e juntamente com ela, muito do meu Eu.

A produção, normalmente é feita ao som da natureza ou de Chopin, Bach, Mozart ou tambores xamânicos.

Mergulho em meus sentimentos e com os pés, mãos, espátulas, desempenadeiras, vassouras, rolos, esponjas, tecidos ou qualquer coisa que possa servir de instrumento e aplico toda aquela energia, no tecido estirado ou amassado, no chão ou na parede.

Após finalizado esses processos, chega o momento de vesti-la no chassi e dar os devidos acabamentos.


Qual mensagem está por trás de sua obra?

Em tudo, há luz.

Permita-se livrar das amarras dos estímulos externos e, olhando para dentro, encontrará a verdadeira beleza. A essência da vida.

O caminho está no autoconhecimento e esse, por sua vez, só é adquirido se fizermos uma viagem ao nosso interior mais profundo, encararmos nossos medos, sentirmos, vivenciarmos e voltarmos a emergir transformados, aptos a voar, com a opção de colocar os pés no chão.

Em todo decompor, há a chama de uma nova vida.

O planeta está passando por uma gigantesca transformação.

A tecnologia, a arte, a sociedade, a ciência, tudo está sofrendo uma drástica transformação. O núcleo do planeta Terra está em mutação. A nossa interação com o universo, está evoluindo a outro nível. Tudo o que conhecemos está mudando muito rápido e nós fazemos parte disso.

Quem se permitir abrir os olhos e o coração, mergulhar e ressurgir, trará importantes contribuições ao processo evolutivo do ser humano. Cada um de nós é um canal de transformação e uma gigantesca energia de mudança, já habita o nosso planeta. Basta que cada um de nós abra a sua porta para que ela se expanda em novas e diversas possibilidades.

Um ditado árabe diz que “A hora mais escura é a que precede a alvorada” e pelo cenário que estamos presenciando há alguns anos, de crise humanitária, crise econômica, crise sanitária, e todo um menu de crises que pairam em nosso planeta, sinaliza que essa alvorada é iminente.

Mergulhe em si, coloque o seu coração no comando e faça parte dessa transformação.

Existe algo chamado computação quântica, que está chegando juntamente com a inteligência artificial e uma nova consciência coletiva e na próxima década o mundo e a sociedade terá se transformado em algo que ainda não conseguimos imaginar. Mas isso já é uma realidade.

"No cume calmo do meu olho que vê, assenta a sombra sonora de um disco voador" (Raul Seixas).



Como você vê o momento cultural nos dias de hoje? A arte cumpre com seu papel de refletir a sociedade?

Desde antes do homem que conhecemos existir, há 2.500.000 anos, a arte reflete a sociedade e a ajuda em seu desenvolvimento.

Arte e tecnologia estão separadas por uma linha tênue, que talvez seja vista apenas quando estamos em estado contemplativo.

A construção de uma nova ideia é uma essência da arte, e seja ela em forma de pintura, escultura, música ou o que chamamos de tecnologia, ela sempre reflete a sociedade que a constrói.

O que chamam de pré-história, nada mais é que a história contada exclusivamente pelos artistas.

A arte guarda na memória, se o povo foi livre, guerreiro, contemplativo, estudioso, oprimido e neste momento, ela está armazenando em seus arquivos, a história de um povo que está em busca da liberdade. Liberdade essa que inclui romper todos os padrões e experimentar uma catarse. O mais belo é que após a catarse, saímos renovados. Após a degradação dos padrões, arde a centelha de uma nova vida e estamos vivenciando uma era de grande transformação.



Quais são os principais desafios que você enfrenta como artista?

Não piscar os olhos, para não perder as possibilidades que se apresentam.



Saiba mais:

Instagram: @enoc_art





Sobre a UP Time Art Gallery:

Galeria de arte itinerante que reúne artistas do Brasil e de países da Europa para disseminar o que há de melhor no cenário da arte contemporânea. Fundada por Marisa Melo, a galeria de arte alcança mais de 30 países ao redor do mundo, isso porque ela funciona em formato digital desde o seu nascimento, apresentando mundialmente exposições 3D e exposições regionais presenciais com um time de artistas distintos.



Nossos serviços:

Exposições virtuais, físicas nacionais e Internacionais, Feiras de Arte, Projetos, Catálogo do Artista, Consultoria para Artistas, Coaching, Construção de Portfólio, Posicionamento Digital, Branding, Marketing Digital, Criação de Conteúdo, Identidade Visual, Biografia, Textos Crítico , Assessoria de Imprensa, Entrevistas e Provocações.




The UP Time Art Gallery's job is to inspire and fascinate through art. Our artists present works that portray our emotions, our causes, our lives. The public always wants to know the artist behind the work. Who is it, how do you think? What life story led to this work?


Today we talked to Enoc.


How did you get into the art world? The possibility of being an artist transformed my reality, which at 26 years of age, had not yet found meaning in living in the mold of this society. After an oversight, followed by a letter of resignation, I decided to try the drawing and realizing that I was easy to learn, I decided to invest all my energy to learn and live from what came to fill an empty space, never touched before. After less than a year of studies, I had my first event as a caricaturist and it was from there that I started to build my life. Along with the caricature came airbrushing and the possibility of seeing a more distant horizon. After a few years living off caricatures, I had the opportunity to be initiated into canvas painting by an Italian master (Giuliano Ottaviani). From there, came the experiments in oil, acrylic and everything that allowed me to express my feelings.


What is the source of inspiration for you? Inspires me the beauty of life. The beauty that is in everything. The beauty of a landscape or the last breath of a prey. The singing of a child or an elderly person sleeping on the sidewalk. The harmonic and beautiful conveys peace, but the confusing and distressing brings true transformation. In all chaos, there is the spark of new life. After a degeneration, there is a birth/rebirth. It inspires me to see the old man reach the end of his course, because at that moment, something wonderful begins to happen. The cycle of all energy inspires me, which has as its right destination the resignification. Everything, viewed from the ideal angle, conveys an emotion that pulsates towards the subtle.


What are your influences on your language development? One of the several teachings brought by Wassily Kandinsky was that: As we move away from form, we approach essence. When a work frees itself from the need to relate to something we know, with some object, shape or place, it gains the power to penetrate the soul and transmit the message it carries, directly to the essence of the beholder. Jackson Pollock puts emotion in control of the process, so the process is never in control and doesn't need to be. The impressionist school has an immense wealth in the way it works with colors, giving its students the freedom of an infinite palette, however, I also have the option of ignoring it and applying what is already ready. Goethe shows that art and science are directly linked, bringing new possibilities and points of view about a creation. Gerhard Richter mixes a universe of possibilities, under a gray cloud, where only those who allow themselves to dive into themselves are able to find themselves in a tangle of stimuli. The young students at the School of Fine Arts, at the Federal University of Bahia, who showed me what it's like to let your heart explode on a white canvas. And many other masters in their arts of expressing/communicating.


Talk about your creative process I try to insert texture into all my work. I usually start the process, texturing 3 to 6 meters of canvas. At this stage, I use materials that are in the environment where the production is being carried out, which can be sand, wood, leaves, sticks, cardboard, clay, broken tile, saw dust, non-organic waste, stones or any other material that may print the energy of that location. Usually the texture and painting are done at different times, but there are times when this is not necessarily so. After textured canvas, I cut it to the desired size and go to the painting process. Every work starts according to an idea, but its development is organic, and at each stage of the process, it reacts to its form, making me always rethink the next step. My works are alive and I am always interacting with them during their construction. It is a partnership construction, where emotions and feelings are always pulsating and the interaction between me, the work and the environment is constant. Sun and rain are always present in the process. If it's sunny, the process has a fast pace. If it rains, the mixture becomes more intense and there is more transparency. In any scenario, the ending is always anyone's guess. He shows up on time or he never arrives. Several times the work goes through a period of abandonment, where time makes me relive it with another energy. Some go through this period two or three times. In this process, sometimes the mold kicks in and adds its touch to the work. Sometimes, they also go through a process of degeneration, where aggressions with sharp, abrasive materials, fire, etc., come into play. In the end, a story is printed in the work and along with it, much of my Self. The production is usually done to the sound of nature or Chopin, Bach, Mozart or shamanic drums. I immerse myself in my feelings and with my feet, hands, brooms, rollers, sponges, fabrics or anything that can serve as an instrument and apply all that energy, on the stretched or wrinkled fabric, on the floor. After completing these processes, it is time to wear it on the chassis and give it the necessary finishes.


What message is behind your work? In everything there is light. Allow yourself to free yourself from the shackles of external stimuli and, looking inward, you will find true beauty. The essence of life. The path is in self-knowledge and this, in turn, is only acquired if we make a journey to our deepest interior, face our fears, feel, experience and re-emerge transformed, able to fly, with the option of putting our feet in the floor. In every decomposition, there is the flame of new life. The planet is undergoing a massive transformation. Technology, art, society, science, everything is undergoing a drastic transformation. The core of planet Earth is undergoing a drastic transformation. Our interaction with the universe is undergoing a drastic transformation. Everything we know is changing very fast and we are part of it. Whoever allows yourself to open his eyes and heart, to dive and resurface, will bring important contributions to the evolutionary process of the human being. Each of us is a channel of transformation and a gigantic energy of change already inhabits our planet. It is enough for each of us to open our door for it to explode into new and diverse possibilities. An Arab saying says that "The darkest hour is the one before dawn" and, given the scenario we have been witnessing for some years, of humanitarian crisis, economic crisis, health crisis, and a whole menu of crises that hover on our planet, it signals that this dawn is imminent. Immerse yourself, put your heart in charge and be part of this transformation. There's something called quantum computing, which is coming along with a new collective consciousness, and in the next decade the world and society will have morphed into something we still can't imagine. But this is already a reality. "On the calm peak of my seeing eye, the sound shadow of a flying saucer rests" (Raul Seixas)


How do you see the cultural moment these days? Does art fulfill its role of reflecting society? Since before the man we know existed, 2,500,000 years ago, art reflects society and helps in its development. Art and technology are separated by a fine line, perhaps only seen when we are in a contemplative state. The construction of a new idea is an essence of art, and be it in the form of painting, sculpture, music or what we call technology, it always reflects the society that builds it. What they call prehistory is nothing more than the story told exclusively by the artists. The art keeps in memory, if the people were free, warrior, contemplative, studious, oppressed and at this moment, it is storing in its archives, the history of a people that is in search of freedom. Freedom that includes breaking all patterns and experiencing a catharsis. The most beautiful thing is that after catharsis, we leave renewed. After the degradation of standards, the spark of new life burns and we are experiencing an era of great transformation.


What are the main challenges you face as an artist? Do not blink your eyes, so as not to miss the offers that are presented.

Know more: Instagram: @enoc_art


About UP Time Art Gallery: Itinerant art gallery that brings together artists from Brazil and European countries to disseminate the best in the contemporary art scene. Founded by Marisa Melo, the art gallery reaches more than 30 countries around the world, because it works in digital format since its birth, presenting worldwide 3D exhibitions and face-to-face regional exhibitions with a team of distinguished artists.




Our services: Virtual, national and international physical exhibitions, Art Fairs, Projects, Artist Catalog, Consulting for Artists, Coaching, Portfolio Building, Digital Positioning, Branding, Digital Marketing, Content Creation, Visual Identity, Biography, Critical Texts, Advisory Press, Interviews and Provocations.



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