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Foto do escritorMarisa Melo

Entre Cores e Formas: A Jornada Artística de Mônica Ruggiero, da Arquitetura às Artes Visuais





O trabalho da UP Time Art Gallery é inspirar e fascinar através da Arte. Nossos artistas apresentam trabalhos que retratam nossas emoções, nossas causas, nossas vidas. O público sempre quer conhecer o artista por trás da obra. Quem é, como pensa? Que história de vida levou a esse trabalho?

Hoje conosco, Mônica Ruggiero!





Mônica Rugiero - Imagem acervo de Mônica Ruggiero




Hoje entrevistamos Mônica Ruggiero, artista visual de São Carlos, São Paulo, cujo talento floresceu desde a infância. Com formação em Arquitetura pela PUC Campinas e Artes Plásticas pela Faculdade São Luís, Mônica combina técnica e sensibilidade, explorando temas variados em aquarela, óleo e acrílico. Além de educadora, ela mantém um ateliê onde sua dedicação à arte se reflete em obras que cativam pelo olhar inovador.





Desde a infância, seu talento para as artes visuais já era notado. Como você vê o impacto dessas primeiras experiências em sua formação artística?


As primeiras experiências na infância foram fundamentais para a minha carreira de artista. Meu o talento para as artes visuais foi notado desde cedo pelos meus pais, professoras e parentes, e isso me serviu como uma base sólida que moldou o olhar e a percepção do mundo ao meu redor. Na infância, o processo de criação é muito mais intuitivo e exploratório, sem as limitações técnicas ou conceitos que vieram mais tarde. Esses primeiros desenhos e pinturas formaram uma conexão direta com a minha criatividade e a imaginação... eu amava os livros 3D de dobraduras que minha mãe lia para mim antes de dormir. Aquilo me ajudou muito, assim como observar e copiar os desenhos de Walt Disney!


Acredito que todas essas experiências iniciais me ajudaram a construir confiança na própria expressão artística... talvez tenha sido na infância quando comecei a desenvolver a sensibilidade para cores, formas, texturas e a própria narrativa visual, e isso me influenciou a maneira como vejo e interpreto o mundo; esses primeiros contatos com as artes visuais não só afetaram a técnica, mas também a minha visão e a filosofia, as quais carrego influenciando meu trabalho desde a infância pelo longo de toda a minha trajetória até aqui. O simples fato de eu ter sido encorajada a explorar a criatividade por meus pais em um momento tão formativo me abriu portas para o reconhecimento dentre minha comunidade, no trabalho de docência e arte-educadora, construindo uma carreira artística rica e única.



 

Você teve uma formação inicial com artistas locais renomados e, posteriormente, aprofundou seus estudos na Faculdade de Arquitetura e Artes Plásticas.

Como essas duas áreas se complementam no seu trabalho?


A convivência com artistas locais e renomados, especialmente no início da carreira, foi fundamental para entender a prática artística de uma maneira mais orgânica, intuitiva e profundamente conectada com a cultura de modo geral nas Plásticas. Isso me proporcionou uma base emocional e criativa, que foi essencial para o desenvolvimento da minha expressão pessoal. Ao lado desses mestres, aprendi não apenas técnicas, mas também a importância do processo, da experimentação e da liberdade criativa.


Por outro lado, o estudo formal em Arquitetura e Artes Plásticas me trouxe uma compreensão mais analítica, estruturada e técnica da arte. A Arquitetura, por exemplo, tem um foco muito grande na relação entre forma, espaço, proporção e funcionalidade. Essas disciplinas me ajudaram a olhar para o espaço de uma maneira mais tridimensional e a pensar na arte de forma mais integrada ao ambiente que ocupa, algo que, no caso das Artes Plásticas, se reflete na composição visual e na interação da obra com o espaço ao seu redor.


Essas duas áreas — a arte mais intuitiva e emocional dos mestres locais, e o conhecimento mais racional e técnico da Arquitetura e das Artes Plásticas — se entrelaçam e se reforçam mutuamente no meu trabalho. A prática artística se torna mais rica quando consigo equilibrar a experimentação e a técnica, o que me permite criar obras que não são apenas visualmente impactantes, mas também conceitualmente e espacialmente significativas.

 

Como educadora, você tem inspirado novas gerações a explorar sua criatividade. Qual você considera ser o papel mais importante de um professor na vida de jovens artistas?

Como arte-educadora, acredito que o meu papel mais importante na vida de jovens artistas vai muito além de simplesmente transmitir técnicas ou conhecimento acadêmico. O meu verdadeiro papel é servir como um guia, uma facilitadora da descoberta pessoal e criativa. Tenho a responsabilidade de criar um ambiente seguro e estimulante, onde os alunos possam explorar suas ideias, errar, experimentar e, acima de tudo, sentir-se livres para se expressar sem medo de julgamento, incentivando a confiança nos próprios instintos criativos, mostrando aos alunos que não existem respostas certas ou erradas quando se trata de arte. Cada caminho é válido, e cada erro é, na verdade, uma oportunidade de aprendizado. Ao incentivar a liberdade criativa, também posso ensinar aos jovens a importância da disciplina e do comprometimento com seu trabalho, ajudando-os a desenvolver uma ética de trabalho que os acompanhará ao longo de suas trajetórias artísticas. Não se trata só de ensinar as técnicas, mas também questionar os conceitos e as ideologias que permeiam a arte e a sociedade.


Quando eu inspiro os alunos a pensar sobre o papel da arte na transformação social e cultural, eu contribuo para a formação de artistas mais conscientes e engajados.

Acredito ser esse o meu papel enquanto educadora: o de inspirar e apoiar, sem impor limites rígidos. É ser uma fonte de motivação, um espelho que reflete o potencial do aluno, mesmo quando ele não consegue enxergar isso por si mesmo. O meu impacto pode ser imenso, pois, muitas vezes, sou a primeira pessoa a acreditar verdadeiramente no potencial de um jovem artista (como aconteceu comigo na 1ª série do Ens. Fundamental, com D. Vilma Maestrelli, minha primeira professora). E, muitas vezes, esse impulso inicial é o que leva o aluno a seguir em frente, a persistir e a buscar o desenvolvimento de sua voz artística ao longo dos anos.





Banjo - Acrílica e gesso sobre tela_2024 - 80x100 cm


 

Seu trabalho explora uma ampla gama de temas e técnicas, incluindo aquarela, óleo e acrílico. Como você decide quais materiais e técnicas usar para cada obra, e que cada uma dessas mídias agrega ao seu processo criativo?


A escolha dos materiais e técnicas que utilizo em cada obra é, de fato, um reflexo direto da ideia ou conceito que estou explorando no momento. A técnica deve se adequar ao que desejo comunicar, ao tipo de sensibilidade que a obra exige e à experiência visual que quero proporcionar ao espectador. Cada mídia tem suas próprias qualidades e limitações, e é justamente entender essas características que me permite decidir qual delas será mais eficaz para dar vida à minha visão artística.


Cada uma dessas técnicas adiciona uma camada diferente ao meu processo criativo, não só no aspecto estético, mas também no emocional. A forma como uma cor se comporta no papel ou na tela, como uma textura se forma, ou a maneira como a luz se reflete em uma superfície, tudo isso afeta diretamente a minha percepção da obra e, por consequência, o rumo que ela toma. Então, a escolha da mídia é um processo instintivo, mas também racional, em que o material e a ideia se encontram para formar uma unidade. Tudo depende da minha intenção.


Em última análise, não vejo essas técnicas como compartimentos isolados, mas como ferramentas diferentes para expressar algo que, muitas vezes, só pode ser atingido por meio da combinação das qualidades únicas de cada uma delas. É a ideia que conduz a técnica, e a técnica serve para amplificar e dar forma à ideia.



 

Em sua trajetória, a experimentação e a busca por novas influências são aspectos marcantes. Quais são as influências ou artistas que mais impactaram seu estilo e visão artística ao longo dos anos?


A experimentação sempre foi um pilar fundamental da minha prática artística, e a busca por novas influências, novas formas de expressão e novos materiais é algo que sempre me motiva a explorar e reinventar meu trabalho. Durante minha trajetória, diversos artistas e movimentos influenciaram profundamente meu estilo e visão artística. Alguns deles, cujas obras refletem uma mistura entre técnica e emoção, continuam sendo fontes de inspiração e aprendizado.


Leonardo da Vinci é, sem dúvida, uma referência imensa para mim, especialmente seus desenhos e estudos de anatomia. O rigor científico e a atenção minuciosa ao detalhe, junto à sua busca pela captura da essência da forma humana e da natureza, são fascinantes. O modo como ele equilibrava a observação técnica com a criatividade ilimitada me inspira até hoje. Seus desenhos, repletos de profundidade, estudo e precisão, influenciam a maneira como enxergo a importância do esboço e do processo preparatório na arte. Eles também me ensinam a relação íntima entre a observação do mundo natural e a criação artística, algo que considero vital em meu próprio trabalho. / Eugène Delacroix, por outro lado, trouxe-me a noção de que a arte é também uma expressão emocional poderosa. Sua pintura, com a energia, a cor vibrante e a dramatização de momentos históricos, é algo que ressoa muito comigo. Delacroix, com seu uso magistral do pigmento e da luz, demonstra que a cor pode ser mais do que um elemento decorativo; ela pode carregar uma carga emocional profunda e até mesmo transmitir o movimento e a sensação. Isso me influenciou a não tratar a cor apenas como um meio técnico, mas como uma ferramenta para transmitir emoções e criar atmosferas que transcendam o visual. / Vincent van Gogh foi outro artista que impactou profundamente minha visão. Sua abordagem visceral e instintiva à pintura, combinada com uma paleta de cores intensas e pinceladas carregadas de energia, continua sendo uma grande fonte de inspiração. Van Gogh nos ensinou a força da expressividade na arte, a ideia de que a técnica pode (e deve) ser tão imprevisível quanto os sentimentos que tentamos comunicar. A maneira como ele capturava a luz e o movimento, utilizando a cor e a textura para transmitir um estado emocional, é algo que sempre busco aplicar nas minhas próprias obras. / Pierre-Auguste Renoir, com sua suavidade e sensibilidade na captura da luz e da cor, também teve um impacto significativo no meu trabalho, especialmente no que diz respeito à representação de temas mais íntimos e humanos. Sua pintura, muitas vezes focada nas interações sociais e nas figuras humanas, me ensinou sobre a beleza na simplicidade e na fragilidade dos momentos cotidianos. A sua habilidade de usar o brilho da luz para modelar formas e dar profundidade às superfícies me influenciou na forma como lido com a iluminação nas minhas obras, buscando sempre uma luminosidade que não seja apenas visual, mas também emocional.


Esses artistas, cada um à sua maneira, ajudaram a moldar minha visão de que a arte deve ser uma fusão entre técnica, emoção e interpretação pessoal. A experimentação e a busca por novas influências não são apenas um desejo de se reinventar, mas também uma maneira de honrar essas influências, adaptando-as e reinterpretando-as à medida que a prática e a visão artística evoluem. Ao olhar para o trabalho desses mestres, percebo que, em muitos aspectos, minha própria jornada artística continua sendo uma busca incessante para entender o que é a arte, e como ela pode refletir o mundo e a alma humana.





Índia e as Águas - Óleo sobre tela_2024 - 60x80 cm




 

Quais são os projetos ou temas que você ainda deseja explorar, e que tipo de legado você espera deixar no mundo das artes através de sua criação?


Os projetos e temas que ainda desejo explorar são aqueles que transcendem a estética pura e dialogam diretamente com questões sociais, culturais e existenciais que considero fundamentais para o momento presente. A arte tem um poder único de provocar reflexão e mudança, e acredito que minha missão como artista é contribuir para o entendimento e a conscientização sobre questões que afetam a sociedade de maneira profunda e muitas vezes invisível.


Quanto ao legado que espero deixar, acredito que a arte tem o poder de mudar consciências e criar espaços de diálogo. O legado que desejo deixar no mundo das artes não é apenas de obras tecnicamente bem executadas, mas de obras que falem ao coração e à mente das pessoas, que as façam refletir sobre o mundo em que vivem e sua responsabilidade no processo de transformação. Espero que minha arte provoque discussões, inspire ações e ajude a construir pontes entre diferentes realidades e perspectivas.


Eu gostaria que, ao olhar para meu trabalho, o espectador não visse apenas uma técnica ou uma imagem bonita, mas sim uma provocação que o desafie a pensar mais profundamente sobre sua relação com os outros e com o mundo ao seu redor. O legado que busco deixar é o de uma arte que seja não apenas visual, mas também transformadora e engajada, que crie espaços de reflexão sobre as grandes questões sociais e humanas, e que incentive a empatia e a ação.


Minha intenção é que minhas obras ajudem a humanizar as questões sociais e a fazer com que o espectador, ao se deparar com o que está sendo exposto, veja as realidades mais duras com um olhar de compaixão e responsabilidade, reconhecendo o papel de cada um de nós na construção de um mundo mais justo e sustentável.




Saiba mais sobre Mônica!

Instagram: @monicaruggiero_art



 





Desolação_2024 - Acrílica sobre tela e gesso - 60x80 cm




iguana no Deserto_2024 - Óleo sobre tela - 50x70 cm






Sobre a UP Time Art Gallery:



A UP Time Art Gallery é uma galeria de arte com uma missão clara: difundir, democratizar e fomentar a arte contemporânea. Com uma presença global, a galeria é conhecida por promover a arte de maneira abrangente e inovadora. Seu compromisso com a arte acontece através de exposições nacionais e internacionais e projetos realizados em São Paulo.


Além de seu papel na promoção da arte, a UP Time Art Gallery dedica-se a apoiar artistas em sua jornada para ingressar no mercado de arte de forma profissional. A galeria compreende as complexas dinâmicas de mercantilização da arte e busca capacitar os artistas a navegarem nesse ambiente competitivo. Ao oferecer suporte para a construção de carreiras sólidas e bem-sucedidas, a galeria ajuda os artistas a compreender as práticas de mercado e os sistemas que moldam o mundo da arte.



Nossos serviços:


Exposições virtuais, físicas nacionais e Internacionais, Feiras de Arte, Projetos, Catálogo de Arte, Construção de Portfólio, Pod Cast, Biografia, Textos Críticos, Assessoria de Imprensa, Entrevistas e Provocações.







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